sexta-feira, 2 de julho de 2010

Review - O Código Dan Brown

Esse texto é diferente das coisas que eu normalmente coloco aqui...
Ele é um review de uma obra.
Eu farei alguns outros desse no futuro (pretendo fazer um sobre O Mochileiro das Galáxias, um sobre Senhor dos Anéis, Harry Potter, Musashi e A Torre Negra).

O texto foi colocado primeiro aqui.
Esse site é meu e de uns amigos. Nós pretendemos colocar alguns podcasts nele ao longo do ano e manter ele sempre atualizado (mas isso está exigindo mais tempo do que eles têm disponível no momento).

Então, fiquem com uma análise da obra de Dan Brown e aprenda como fazer uma boa história que não envolva elfos, dragões ou vampiros de sexualidade duvidosa:


O Código Dan Brown


O que nos leva a ler os livros de Dan Brown?
Por que ele se tornou um fenômeno?

Diferente de Stephen King, Dan Brown não é um rei quando se trata de suspense. Os livros não são sobre deixar o leitor tenso e sem saber o que vai acontecer... Ou com medo do monstro (muitas vezes, um homem, ou mulher, comum nas histórias de Stephen) que pode surgir na próxima porta.
Diferente de Tolkien, Dan Brown não é o rei da fantasia. Seus livros não são sobre um universo fantástico e que cativa o leitor pela criatividade e grandiosidade da obra.
Diferente de J. K. Rowling, Dan Brown não criou livros com uma linguagem simples e facilmente aceita perante as crianças. Que leva as pessoas a lerem pelo fato de que elas conseguem entender o que se passa.
Diferente de Arthur Conan Doyle, Dan Brown não criou um personagem extremamente inteligente e capaz de decifrar qualquer coisa. As histórias de Sherlock Holmes mostram um homem quase surreal, capaz de ver histórias mirabolantes a partir de detalhes mínimos.

Então... O que faz das histórias de Dan Brown o fenômeno que são?
É simples, a junção dessas coisas.

Dan Brown coloca um pouco de cada um desses elementos em uma história que não te obriga a ser fã de suspense, ou fantasia, ou magia, ou qualquer uma dessas coisas presentes nos outros artistas.
Dan Brown criou um híbrido.
Uma história que se desenvolve dentro de um suspense sobre qual será o possível desfecho, um universo fantástico e cheio de teorias da conspiração, com uma levada fácil na maneira de escrever, e com um personagem cativante e admirável, mas não impossível de existir.

O autor se propõe a criar uma história que entretém. E é exatamente isso que ele faz. Não há como não se divertir lendo as histórias de Robert Langdon.

Mas então, como essa “mistura” se desenha para nós, leitores?


O Suspense

Dan Brown começa suas histórias dando logo um fato marcante. Ele prende sua atenção com algo que vai lhe fazer ler as próximas 20~30 páginas, e descobrir mais sobre aquilo. E é exatamente assim que se prende o público “mais comum”. Essa é a grande “sacada” de Dan Brown.

Quando uma pessoa não é acostumada a ler histórias longas, ela costuma se cansar rápido lendo um livro longo como O Senhor dos Anéis, que promete suas respostas apenas no final do livro.
Dan Brown é menos ousado, ele não tenta conquistar sua atenção para ler 500 páginas. Ele conquista sua atenção por 30 páginas, e depois mais 30, e depois mais 30... E sem que você perceba, leu um livro de 500 páginas.

Mas como ele faz isso? Ele usa um suspense sutil.
Ele te dá segurança sobre a história como um todo, e te faz focar APENAS na cena que está se passando naquelas 30 páginas.
Você não precisa se preocupar com o que vai acontecer no final do livro, você já “tem uma ideia”.
E então, quando ele já tem sua atenção, sua “certeza”, ele dá uma reviravolta... E pronto: você já está preso na teia que ele teceu.


A Fantasia

Dan Brown criou seu próprio Universo fantástico. Um Universo com teorias da conspiração por todo o canto, e sociedades secretas dominando as ciências, religião e governo.

O grande truque de Dan Brown ao usar essas teorias é bem fácil de se perceber: Ele usa o mundo real.
Quando você lê Tolkien, você é apresentado a elfos, anões, hobbits, dragões, culturas e línguas diferentes das que já conhece. É um mundo estranho. O mundo de Robert Langdon é familiar, é o nosso mundo de todo dia, o nosso cotidiano, as histórias que todos estamos acostumados a escutar.
E o que ele ganha com isso? Ele consegue conquistar um número maior de leitores.
Nem todo mundo quer saber de elfos, anões, hobbits e os problemas deles com anéis de ouro. Mas todos nos interessamos pelo mundo a nossa volta.

Quando Tolkien diz que “os Hobbits pegaram seus pôneis e foram para Bri” é bem diferente de quando Dan Brown diz que “Robert Langdon pegou seu Toyota Corolla e foi pra Paris”. Todos conhecemos Paris, e boa parte de nós se identifica com dirigir um carro.

As histórias de Langdon possuem um Universo apelativo, mas familiar. E pela familiaridade, Dan Brown ganhou o povo.


A Linguagem

Esse é outro grande truque que Dan Brown usou: Ele mescla uma linguagem simples com palavras novas. E por que isso é incrível?

Com essa mescla, o leitor se sente feliz por entender o texto e, ao mesmo tempo, aprende novas palavras para usar no dia-a-dia. Apelando assim para a nossa necessidade de convivência. Todo mundo adora usar novas palavras, soa inteligente, e todo mundo adora se sentir inteligente.


O Aprendizado

É impossível passar por um livro de Dan Brown sem aprender alguma coisa.

Em algumas cenas da história, ele simplesmente pára tudo e começa a dar uma aula sobre o assunto.
Lendo as histórias de Robert Langdon é possível aprender sobre Ciência Noética, Arte, Religião, História, Física, entre outros...

Dan Brown dá uma aula divertida, enquanto conta uma história intrigante, e que vai ser útil nas suas conversas nos próximos 2 a 6 meses.
Ele conquista seus leitores armando-os com assuntos para sua convivência diária em sociedade.


O Personagem Principal

Robert Langdon (nascido em 22 de junho de 1956, em Exeter, New Hampshire, Estados Unidos) é um professor de iconografia religiosa e simbologia, na Universidade de Harvard.
Um homem normal, sem físico de herói (não, nadar todo dia não faz dele um Indiana Jones) e com uma inteligência alcançável, esse é o personagem marcante dos livros de Dan Brown.

Por que esse simples professor, que é mais facilmente imaginado “lendo um livro em frente à uma lareira e vestido com um suéter”, nos faz torcer tanto por ele? Simples, ele é alcançável.

Sherlock Holmes é um personagem altamente inteligente, uma inteligência que nenhuma pessoa pode REALMENTE chegar a acreditar que vai possuir algum dia. Além disso, ele é um conhecedor de artes marciais (como bem vimos no seu último filme)... Ou seja: Ele é o homem mais inteligente do mundo E sabe lutar.
Harry Potter é só um garoto comum no início do livro, mas com o passar do tempo ele aprende magia, coisa que qualquer ser humano com um mínimo de bom senso sabe que é impraticável (pelo menos do jeito que ele faz... Bolas de fogo saindo de varinhas? Pelamor...).
Os Hobbits de Senhor dos Anéis são fracos, mas é meio difícil realmente se ver no lugar de pessoas de 1 metro de altura e pés peludos viajando por um mundo onde existem elfos, orcs e anéis capazes de destruir o mundo.
E para não deixar de fora o gênio Stephen King, vamos citar Roland, o Pistoleiro da Torre Negra. Um homem que mata uma cidade com 2 pistolas... É, meio difícil acreditar que você possa fazer isso...

Robert Langdon, não. Ele é um homem normal, com problemas normais. Ele morre de medo quando uma arma é apontada pra ele (ao invés de usar seu chicote e tirar ela das mãos do inimigo) e se apavora, até mesmo, ao dirigir na contra mão em alta velocidade. Ele não é bom de briga, e boa parte do livro ele está fugindo de alguém ou sendo controlado por uma pessoa (que possua autoridade ou uma arma).
Mas ele consegue, usando a cabeça, sair dessas situações. Ele faz coisas que o leitor é capaz de fazer. Não exigem treinamento, ou até mesmo genialidade... Ele apenas “pensa rápido” e se adapta à situação.
E é por isso que ele é tão apelativo. Ele é normal.


O Conjunto

Como um todo, a obra de Dan Brown é incrível. Não é um clássico, não é insuperável, não é um símbolo de uma era... Mas é inovadora.
O autor faz aquilo que precisa ser feito:
Escreve um livro para entreter o leitor, sem compromisso. Dosando suspense, aventura, fantasia e personagens normais, porém marcantes.

3 comentários:

  1. Comentário de Ctba só pra dar um oi mesmo. Dpois eu faço um mais decente. A minha apresentação é domingo. Torce por mim!

    Beijooooooo

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  2. Pode deixar que estamos aqui na torcida por ti:
    Eu, o Taz, o Frajola e o Patolino!
    =P


    Beijoooo!

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  3. O post (resenha crítica de obra literária) está um sucesso! A forma fácil como as conexões são estabelecidas entre obras distintas, a organização e a coerência são os pontos fortes.
    Já havia lido a algum tempo resenhas profissionais relacionando essas obras, e esta não fica devendo em nada, sendo até superior em alguns pontos.
    Parabéns!

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