segunda-feira, 19 de julho de 2010

Egoísmo


"O ser humano é egoísta por natureza."


Eu disse que voltaria nessa frase futuramente... Bom, esse futuro chegou.


Esse é um texto difícil de começar... Ele não tem bem um início...
Eu tentei procurar na internet sobre grandes filósofos que tivessem dito isso antes de mim. Não encontrei nenhum.

Há muito tempo atrás eu estava conversando com uma pessoa (não me recordo agora quem) e ela me contou - com muito orgulho - que tinha dado esmola pra uma pessoa no ônibus, enquanto voltava da igreja.
Isso chamou minha atenção...

Alguns dias depois eu parei pra pensar sobre isso.
(Eu costumo demorar pra voltar aos assuntos que chamam minha atenção... Isso faz com que minha mente tenha tempo de juntar todas as informações sobre ele.)
E eu comecei a ver como as ações supostamente altruístas, têm um fundo de egoísmo.

Quando uma pessoa religiosa dá esmola para um mendigo, ela está fazendo sua "boa ação", garantindo seu lugar no céu...
Porra! É a idade média dando as caras novamente!!!

Para aqueles que não sabem, durante a idade média a igreja vendia pedaços do céu para os fiéis que pudessem pagar. Sério!
Todos os seus pecados estariam perdoados se você desse MUITO dinheiro pra igreja...
E se você fosse pobre, o inferno lhe aguardava...

Hoje em dia esse ato está mais velado... Mas mantivemos o mesmo pensamento, os mesmos "costumes".
Ajudar o próximo não é um ato de bondade, e sim uma forma de garantirmos nossa vaga no céu.
Aí você vem, todo meninão, e me diz que não acredita em céu e inferno... Que você é um cara budista, espírita, taoísta... Ou qualquer coisa assim...
Pois eu te digo que "Dá na mesma..."

Algumas culturas acreditam em Karma... Ou evolução do espírito... Ou qualquer outra coisa...
Todos nós temos isso preso em nossas mentes.
Fazemos algo pelos outros para nos sentirmos bem com nós mesmos. Isso é egoísmo.


É complicado ver o mundo dessa forma... Quer dizer... Quando todos os atos de bondade parecem ser egoístas, como acreditar na raça humana?
E a resposta é bem simples: Não acredite.

Por que visualizar uma sociedade utópica em que todos fazemos coisas boas por puro altruísmo de nosso ser?
Por que tentar nos enganar pensando que o mundo é melhor do que realmente é?
O mundo é dessa forma, e ele vem funcionando, até que, bem pelos últimos 10.000 anos ou algo assim...
Temos injustiças? Sim.
Temos discriminação? Sim.
Temos ignorância? Sim.
Temos hipocrisia? Pra caralho...

Mas essa vontade de nos sentirmos bem com nós mesmos... De garantir nosso lugar no céu... Faz com que as pessoas sejam melhores umas com as outras.
Não é o ideal, mas é o que dá pra conseguir agora.

Tentar negar isso, ou arranjar desculpas, é apenas uma forma de tentar mudar o mundo todo de uma vez.
E isso nunca vai dar certo...

O caminho para mudar isso... Esse egoísmo nato, essa hipocrisia, essa ignorância... É mudar a mente de umas poucas pessoas e esperar que elas passem isso adiante (mais ou menos como eu tento fazer com vocês, que têm a paciência de ler meus textos every now and then).

Então, estou contando com vocês... (por puro egoísmo meu, mesmo... =P)

7 comentários:

  1. Olá meu velho amigo!!!

    Bacana o tema do tópico, agora podemos falar exatamente do que conversávamos sob o disfarce dos outros assuntos recentes.

    Segundo Piaget, antes mesmo de desenvolvermos nossas habilidades para as operações concretas (espaço tempo, peso, etc)entre 2 e 7 anos as crianças já desenvolvem instintivamente as noções de finalismo e causalidade "se as coisas existem têm de ter uma finalidade, no entanto, esta ainda é muito egocêntrica. Tudo o que existe, existe para o bem essencial dela própria". Acredita-se que essa noção se perca com o tempo.
    Mas Piaget não contava com o fato de que conforme Freud aborda em suas obras, o período de latência do desenvolvimento do superego (consciencia/moral/comportamento social) se dá entre 6 e 7 anos, o que significa que noções finalísticas dessa fase etária (ainda em desenvolvimento)persistirão pelo resto da vida invariavelmente de maneira inconsciente, iludindo inclusive o próprio superego.

    Ou seja, concordando completamente com seu texto acima, as pessoas realmente iludem inconscientemente a si próprias ao não atribuírem relação causística para seus comportamentos ditos "altruístas", e só o fazem pela recompensa que seu ID (identidade instintiva única que cada pessoa possui) recebe ou acredita que receberá com esse tipo de ação, enquanto o superego as distraem com motivações de caráter espiritual, social, emotivo disfarçadas de altruísmo.

    As pessoas querem mesmo é ganhar algo, nem que seja só a pretensa paz de espírito, e nessa gana que o mundo se torna determinadamente mais capitalista, se as pessoas realmente desejassem dividir o mundo era socialista a muito tempo.

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  2. Escolhi o assunto pensando em ti...
    Sabia que tavas louco pra soltar esse monte de teorias que vinhas estudando nos últimos anos. =P

    É engraçado, inclusive, o contraste em nossas formas de abordar algo.
    Você toma o lado das teorias alheias, comprovando suas ideias com o que outros disseram.
    Eu tento, de forma mais "rústica", comprovar minhas ideias com exemplos que me são familiares, e devem ser familiares ao leitor/ouvinte.


    Pra variar, eu discordo de Freud (para aqueles que não me conhecem, eu nunca concordei muito com as ideias de Freud... É meio que meu antagonista nesse mundo psicológico).
    Eu acredito que isso possa ser alterado com o tempo, não são noções definitivas dentro do nosso inconsciente.

    Nosso cérebro possui capacidades desconhecidas até para nós mesmos... Mas eu acho que mesmo que não as entendamos, podemos fazer uso delas de forma indireta para mudar o pensamento alheio.

    Eu explico:
    Tais pessoas possuem o poder para mudar esse pensamento dentro de si por conta própria, desde que nós, que entendemos que o mundo seria melhor sem tal pensamento, saibamos "apertar os botões corretos".

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  3. Na verdade você não está discordando dele nesse tópico ao menos. O procedimento que você se refere, de superar os conceitos encrustados no inconsciente, é justamente o do fortalecimento artificial do superego que inicialmente não compreendia o mecanismo que o iludia, o que Freund acreditava ser possível através do tratamento de psicanálise.

    Todavia, pesquisas dos ultimos 20 anos na área da psicologia cognitiva tem tentado provar a ineficácia da psicanalise autoreferente e a assistida, obtendo razoável sucesso. Porém, continuo acreditando na psicanálise, principalmente na autoreferente.

    E realmente é engraçado ler um debate especulatório, onde um dos dabatentes usa linguagem e forma de texto científico, e o outro uma linguagem mais litarária. Mas o ótimo mesmo é ver que mesmo assim o debate flui.

    Abraços

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  4. Bom, então eu discordo quanto a psicanálise! =P
    hauahuahauahua

    Se a ciência está conseguindo provar que é impossível que nós mudemos nossa forma de pensar, ela está dando um passo atrás e começando a cometer erros absurdos.


    Bom, cada um de nós usa uma linguagem por escolha própria... Mas ambos somos capazes de entender a linguagem utilizada pelo outro.
    Portanto é fácil esse nosso debate fluir sem problemas. ^^

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  5. Então...
    Para esclarecer, a ciência não está provando ser impossível que nós mudemos nossa forma de pensar...rs Pelo contrário, está provando que consegue fazer isso artificialmente, sem tanto esforço de autoanálise.

    O meio academico de psicologia tem proposto a substituição da psicanalise pelo tratamento proposto pela psicologia cognitiva.

    Trocando em miúdos, e abandonando a doxa acadêmica, um tratamento menos lento, e que depende menos da autoanalise do paciente está sendo proposto, neste caminho o psicólogo é mais ativo, ou seja, utiliza-se de tecnicas que interferem e modificam a maneira como o inconsciente faz as leituras, como se substituísse o processo em que a pessoa aprendeu a lidar com um elemento X da sua vida por um outro artificial, também há um forte "treinamento" do superego (consciencia) para que este reprima e dirija com mais eficácia os comportamentos relacionados.

    Obviamente nenhum profissional ético vai fazer isso sem explicar os procedimentos para o paciente e ter sua efetiva autorização para prosseguir. Em poucos meses os resultados aparecem. Normalmente pessoas com dificuldades em algum setor de sua vida solicitam esse tipo de tratamento para em pouco tempo passar a não sofrer mais com o que incomodava.

    O que isso tem haver com o egoísmo?

    Os psicologos acreditam poder trata-lo, tornar o paciente mais propenso a ações que envolvam compartilhamento, todavia penso que o paciente egoísta que porventura vier a solicitar esse tratamento por estar tendo dificuldades sociais ou profissionais, só irá desejar conseguir ser mais "compartilhador" movido por por um sentimento egoísta de se sair melhor nos seus relacionamentos, para sentir aquele prazer que se tem ao ser mais aceito.

    Quase um paradoxo.

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  6. "Quase" um paradoxo?
    Eu diria que é a definição EXATA de um paradoxo...
    Eu diria mais... Diria que é até irônico.


    É uma atitude interessante... Buscar ser mais altruísta por puro egoísmo.
    Mas eu não consigo acreditar que os psicólogos sejam capazes de fazer parte desse processo.

    Na melhor das hipóteses, eles seriam capazes de criar uma nova imagem na cabeça do paciente.
    Não seria altruísmo real, seria apenas uma forma diferente de fingir tal altruísmo.

    Portanto, a ciência está errada.
    Se ela torna esse processo artificial, ela acaba criando um altruísmo artificial... E isso não já temos aos montes.

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  7. Ótimo...
    Depois de centenas de anos desenvolvendo a ciencia empirica, descubrimos que... a ciência seve para ... fazer mais do que "já temos aos montes". rsrs

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